quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Lamento desfolhado


Suspiro incrédulo a vontade de sentir,
A ilusão demente ao julgar algo
Ou a peripécia ao tropeçar em mim…
Falácias sem sentimento a rir
Olhares perdidos de encanto vago,
Sombras abraçadas ao real,
Abstractas lágrimas a esvoaçar
Perante um rumo escasso
Que aflige a compaixão sentida.

Por vezes desconheço
O que me vai na mente
O rebuliço do horizonte
Aquelas ideias indecentes
Que fragmenta esta ponte
Na junção de correntes.

Ao longe vejo as sombras
Que colidem pelo vento
E ao desfolhar o que sonhas
Deleito este ermo contento
Num gosto envelhecido
Ao que me assombras…

Não há lembrança que desfolhe o hodierno
Dos momentos e contentos, em tempos, contemplados
Pela emergente vertente do inconveniente eterno
Ao timbre do desdém mudo de olhos vendados.

01/03/2012


Filipe Pires

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