terça-feira, 21 de setembro de 2010

A Ilusão do Trilho


Prenunciei-me determinado
Nem a muralha foi vista
Nem a miséria ao meu lado.
Não dei o passo mais certo
Sisudo em meras pistas
Não vi o buraco mais perto.
Aldrabado na migalha de pão
Contemplava aquele passado
Não vi o presente, olhava o chão,
Clamava ao futuro contado
Pelo desdém da vida em combustão.
Senti o delírio no seu argumento
Domínio nas algemas da razão
Indiferença no poder do tormento,
E nisto, posso ter algum contento?
Ou deixo tudo no que tento.

18/08/10

Filipe Pires

Longo Caminho


Casta alma
Esta que perde a calma
Por alcançar a dor
Mera perda, ermo trauma,
Sisudo riso sem asas nem esplendor
Cartas falsas? De mangas esquivas
Deusa do céu sem amor
Passos de mentes vivas
Tragos de paixão e ardor
Primor cego ao prazer das divas.

Memória de algo
Cordas sem qualquer ligação
Rastilho previsto ao vago
E no que trago só me vejo a mim.
Pútridas flores de esquecer
Sozinhas na foz da cartada
O repouso que me veio morrer
Não era o prazer da calada
E nisto não vejo nada!
Que este nada vejo falecer
Afogado na casta alma
Alagado de rancor de ser
A mente imortal da calma
A mente que morre desse trauma.
17/09/10
Filipe Pires

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Rumo ao Pranto


Vi lágrimas a murmurar
Do ermo silêncio da partida
Vi, não minto, o coração a derramar
Pelo sentimento da despedida

Senti o nascer do vento
Tilintar o rosto molhado
Secava a face do tormento
Do cair choroso do fado.

Contemplei, a cada passo, as lembranças
Clamei, em mim, significados vividos
Desejei, do meu vazio, as esperanças
Dos momentos que serão revividos.

Só, na deriva do meu ser,
Faleci do choro interior
Sonhei voltar a ver
Sonhei não o perder em dor...
Olhei o cinzento céu em mágoa
Incrivel! Até de tristeza vive este véu
Que sem sofrimento verte sua água
E faz do meu sentimento seu réu.

Haveria mais lágrima por criar?
Quanto mais me vejo escrever
Mais me sinto por chorar.

09/06/10

Filipe Pires

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Um em Mil


Tenho mil e um vícios
Mas nenhum dos mil são ofícios.

Filipe Pires

Assim o Serei


Haverá algo a dizer?
Algo a sentir que não seja?
A aldrabar sem se ver
Sem contemplar vazio que não se veja

Haverá culpa sem razão?
Nesta vida que morre lentamente
Como um fósforo em sua combustão

Seria sexto sentido superior?
Levando aos caminhos da perfeição
Como seres sem campas nem amor!
Nas trevas da vingança pela paixão.

Haveria lembrança a lembrar,
O que nada somos ou seremos?
Eu morria por dia a tentar,
Antes do rumo nos levar,
A vida caminhante em que todos morreremos!
Eu morreria mil vezes a amar,
Em vez de infinito ser de primor e perfeição,
De cada passo dado poder dizer e clamar
Que sou eu honra do Olimpo e orgulho-me de razão!
Sou e serei, na minha maré, mente que dirá um mero não
Enquanto for eu terei sempre o pensamento e uma conclusão.

14/05/10

Filipe Pires

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Silêncio Directo


Será que tenho feito?

Feito sem pensar

Ou, outrora, sem jeito

Num jeito julgar

Este feito sem jeito

Que me tormenta a contemplar

Será que se diz que fiz?

Fiz por ver no espelho do ser

Que ao ver fui o que se diz.

Não que por reflexos seja ser

Mas na questão de ver

Ainda sou o ente que me fiz

Ou, outrora, será que se diz que fiz?

Infelizmente ninguém mo diz!


--/--/10


Filipe Pires

Ocasião a Descrever


Parece que foi ontem…céus!

Aquela paisagem de saudade,

O horizonte ondulante em véus,

Ao som do lindíssimo chilrear

Dos pássaros entre a folhagem

Numa manhã fresca de fazer amar

Do toque amável da aragem.

Na minha incrédula palidez

Relembrava os momentos mudos

Sobre as flechas de ouro se fez

Os dias passados…só e surdos.

27/02/10


Amândio Lopes

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Sem Eixo No Senso


Sinto a oculta adrenalina
Consumir por prazer a vontade
Desleixo o crer pela sina
Ao fingir a razão na saudade

Deixo o sentido ser
Por alma de cerrar
Nunca tive por colher
O pensamento de acabar.

--/04/10

Filipe Pires

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Algo a Citar


A imagem é o usar da escolha.

A justificação do objectivo é a razão da mente Feita.

O desejo é movido para o conhecimento a determinar da sua fonte.

23/04/10

Filipe Pires

quinta-feira, 11 de março de 2010

O Surdo Momento



Fumo o meu cigarette a contemplar

O conhecimento pelo desenvolvimento

Será verdade que estou a fumar?

Ou, será a combustão do pensamento?


Cada conceito por concreto

No cintilante jeito esperto…

Da severa mente verto

Cada feito num mero certo.


As letras são perfume secreto

Para quê crer no poeta concreto?


11/03/2010


Filipe Pires

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Fora de Mim


Tragam o absinto!

Mais uns fortes tragos

E minto ao que sinto

Acabo comigo nos vagos

Sem nada ou ninguém

Quero mais um ou dois tragos

Que já me vejo como alguém.


Filipe Pires

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Algo Sem o Ser


Não sei se será ou se nada é!
Do palmo em punho à mão de semear
Faz a mente por remar contra o ar da maré...

Filipe Pires

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Num Abraço? Encontro-te


Perco-me num abraço.
Num dar de mão
Num toque que faço
Numa despedida de solidão

Ter olhos de olhar
Ter terra, quem sabe o céu,
Ter vida e amar
Ser vida em nuvens de véu
E num dia sonhar…

É um abraço
Este gesto que faço
Será um abraço
Seguro como aço?

23/08/09

Filipe Pires

São Passos Do Caminho


A vida é livre de saber.
Por mais que se caminhe
Acaba-se sempre por sofrer

A vida é estranha e incorrecta
Por vezes só
Mas sempre incompleta.

Não é menos vida
É mais desejo de experiência
Não são estradas e idas
Nem sonhos nem incompetência

Não é o que em nós cresceu
Não será o que alguém traz
Não é existência! Sou eu…
Que senti o que a vida faz.

10/08/09

Filipe Pires

Alguma Vontade


É por intuição o que escrevo
É, porque assim o sinto
É, pois claro, não o devo
Sai óbvio. Não minto!

Isto que cresce
Talvez, quem sabe, jamais esmorece.
Instinto que merece
Solto de punho forte
Confiante…não é sorte!
Nem corre pela morte

Ó aparecida vontade
És o meu poço
És a minha verdade.

11/10/09

Filipe Pires

sábado, 9 de janeiro de 2010

Haveria Algo Numa Ponte


Há uma distância que me separa
Como um vasto rio sem ponte
Esta agudeza que nunca me ampara
Desta entidade sem água nem fonte…

Sou clamado por clamar na miséria
Na lástima clamo pelo que sou!
Vou chamando a vida por séria
Em séria clama sem ida que vou.

Sou algures algo sem saber
O que vem e vai em mim?
Um ente vago sem querer,
Este querer sem nada ser,
Que se plantou no algo assim.

02/12/09

Filipe Pires